It starts with Barbie...
Em pequena era de longe o meu brinquedo preferido. Era um espelho da minha mãe e das amigas, que tinham idade para usar vestidos de cocktail, saltos altos e maquilhagem. Era uma espécie de tela em branco, onde eu podia criar, misturar cores e padrões, conjugar acessórios e fazer penteados. Era através da Barbie que eu usava saltos altos, ia jantar fora a sítios elegantes, saia à noite e ia às compras com as amigas. Também tinha Ken’s, mas eles eram mais elementos decorativos. As minhas Barbies tinham e faziam, tudo o que a mim não me era permitido. Normalmente, as minhas brincadeiras de filha única começavam com uma casa onde só moravam irmãs. Eram muitas, davam-se bem e gostavam de ir às compras. Passava o dia a vestir, despir e a experimentar novas combinações. Os monólogos eram quase inexistentes, ou fazia-os eu na minha cabeça. As estações, essas passavam bem depressa, gostava de fazer conjuntos de Verão de Inverno e de meia estação – tudo no mesmo dia.
Muitas vezes, cheguei a pedir apenas roupa da Barbie, não me interessava o carro (acabei por ter um descapotável, que era mais usado pelo meu primo do que por mim), a casa, a cozinha, a mota de água, a caravana ou o Ken. O que eu gostava mesmo era de roupa e acessórios, Barbies já tinha muitas. Com o passar dos anos, os meus pais começaram a dar-me livros, filmes, roupa para mim (o que estranhamente odiava). Comecei então a recortar papel de embrulho e fazer os meus próprios moldes, de saias, casacos, top’s e colava-os às Barbies. Tinha imensa imaginação, mil ideias a fervilhar e uma falta de jeito incrível. Diga-mos que o material também não ajudava! Fui crescendo e as Barbies foram ficando cada vez mais para trás. Dos vestidos mal-trapilhos, passei aos rascunhos (ou tentativa de...). Era escusado, a minha falta de jeito não me permitia expressar toda a imaginação que me pulsava nas veias.
Comecei então, a dar mais atenção às revistas de moda e às Top’s do momento. Inês Sastre, Ester Cañadas, Laetitia Casta, Christy Turlington, Cindy Crawford, Linda Evangelista, Eva Herzigova, Claudia Schiffer, Carla Bruni, Naomi Cambell, etc... a desfilar nas passerelles de Versace (as favoritas), YSL, Dolce&Gabbana, Valentino, Armani e Chanel eram uma inspiração. O bichinho da moda começou a crescer cada vez mais dentro de mim – até que explodiu e tornou-se quase tão essencial como o ar que respiro, até os dias de hoje.
(inspirado na Inês' Secrets.)