Gosto imenso de sapatos, não sei se esta paixão é hereditária ou não, mas o que é certo é que tudo começou com o guarda-roupa, recheado de sapatos, da minha mãe. Quando era pequena e ficava em casa com a empregada ou com a avó, um dos meus hobbies preferidos era “assaltar” o closet da minha mãe e calçar os seus sapatos, depois desfilava pela casa e olhava-me muito ao espelho a fingir que já era crescida.
Quando entrei para o colégio, o meu entusiasmo por sapatos e pela moda em geral acalmou, usavámos farda e os nossos sapatos não variavam muito entre os mocassins e os sapatos de vela (obrigatoriamente azuis ou pretos). Naquela altura, vestíamos-nos todos da mesma maneira, até aos fins-de-semana.
Como é do conhecimento geral, as adolescentes são todas iguais – têm o mesmo corte de cabelo, vestem as mesmas calças e vestidos, vão às mesmas lojas e calçam todas os mesmos sapatos, às vezes, chego a perguntar-me se - todos aqueles ténis BW’s, as sandálias Fly London, as Havaianas ou agora, que parece ser a última moda, as botas Timberland por cima das skinny jeans descaídas – não terão sido distribuídos à saída do metro. É que sinceramente, devia haver multas severas para a falta de originalidade.
No meu tempo, usavam-se uns ténis com 10 cm de salto, vinham em várias cores e em formato soca, sim, eram os Bw’s, os meus preferidos eram os pretos, davam com tudo. Com mais 10 cm de altura sentia-me bem mais sexy, feminina, atraente – andava de cabeça erguida na rua e achava-me a última coca-cola do deserto. Mas um dia o feitiço virou-se contra o feiticeiro, já atrasada para o Britânico fui a correr para a plataforma do metro e com a pressa acabei por torcer o pé. Na altura não dei muita importância ao assunto e fui toda contente ter com as minhas amigas que já estavam, há um bom bocado, à minha espera. Acabei por desmaiar, mais tarde, por uma reacção qualquer esquisita à dor, foi uma vergonha e o meu tornozelo ficou do tamanho de uma bola de handball.
Quando cheguei a casa, ainda de cabeça quente quanto a sucedido, deitei fora todos os sapatos com salto plataforma do meu guarda-roupa (o que ainda foi bastante). Os All-star, os Pumas coloridos e as Havaianas, passaram a ser os meus melhores amigos. Confesso que custou-me um bocado a habituar ao meu novo (mini) eu e o meu conceito de sexy e atraente passou a ser uma questão de atitude, personalidade e roupas o mais diferente e originais possíveis. Não sei se posso chamar a isso crescer, ou se poderei dizer que descobri o meu verdadeiro eu, personalidade, sentido de individualidade ou o que lhe quiserem chamar.
A partir daí comecei a definir o meu próprio estilo, a paginas tantas e já na faculdade, os saltos voltaram, a pouco e pouco, a fazer parte do meu guarda-roupa, mas pela falta de hábito e conforto – usava-os apenas em ocasiões especiais, como festas da faculdade, casamentos e saídas à noite. Ao início custou-me horrores, mal me equilibrava em cima deles, andava devagar e com passadas muito pequenas, não os aguentava mais que uma horas e faziam-me bolhas nos pés – para além de ficar com dores na parte da frente do pé para o resto da semana.
Hoje em dia, já com muitas festas da faculdade e outras ocasiões especiais em cima, a minha relação com os saltos-altos está bem mais intima. Tenho bastantes, mas por qualquer razão desconhecida, há sempre uma voz interior que me diz, quando por qualquer razão tenho que ir ás compras, que preciso de mais um par de pumps, peep-toes compensados ou que ainda não tenho nenhum par daquelas sandálias com cunha, giríssimas, que por mero acaso se vão usar muitíssimo no próximo Verão.
Ainda há poucos dias, quando estava a esvaziar o meu roupeiro - uma vez que estou a fazer uma extreme makeover do meu quarto e vou substituir-lo por um brand new e bem maior (vou postar as fotos brevemente)– descobri que tenho mesmo muitos pares de sapatos, de todas as formas, alturas e materiais. Uma verdadeira loucura!
Embora durante o dia use sapatos maioritariamente rasos ou com salto pequeno ou médio, por uma questão de pratica, conforto e para me poder deslocar com alguma rapidez – à noite não dispenso os meus Pumps com Skinny Jeans, os meus Stilettos com mini-vestidos e saias abalonadas ou as sandálias compensadas e altíssimas para o Verão – dão muito mais sex appeal e fazem toda a diferença num look mais festivo.
Contudo, sou absolutamente fã de sapatos rasos, tenho uma verdadeira paixão por sabrinas, tenho-as em várias cores e enfeites. Acho que os sapatos Oxford dão imensa pinta e estilo a um look e umas sandálias rasas com um vestido a rojar o chão no Verão, podem ser uma opção extremamente sexy e atraente.
(como é óbvio este não é o artigo que escrevi para a ELLE)
fotos: reprodução